Lição de vida
Empresário volta a montar
Produtor rural supera as dificuldades da paraplegia e desafia o seu algoz
O texto, de 2008, é de autoria de Marcelo Lara, então aluno do 3º Período de jornalismo Uniube, Universidade de Uberaba.
Empresário volta a montar
Produtor rural supera as dificuldades da paraplegia e desafia o seu algoz
O texto, de 2008, é de autoria de Marcelo Lara, então aluno do 3º Período de jornalismo Uniube, Universidade de Uberaba.
O empresário rural Cláudio Alvarez Garcia é paraplégico e voltou a montar, desta vez no lombo de uma mula. A proeza foi possível graças ao encontro entre dois amigos - Cláudio e Nô, este último um adestrador de muares de Brasília. A lição de vida de Cláudio Garcia, um paranaense apaixonado por Minas Gerais, aficionado por cavalos e por produção de café daria roteiro para filme e sobraria assunto para livros de auto-ajuda. Ele reconstruiu sua vida e construiu vários empreendimentos em cima de uma cadeira de rodas.
Cláudio vive na cidade de Patrocínio, na região do Triângulo Mineiro.
Filho de uma família humilde, migrantes espanhóis que se estabeleceram no Estado do Paraná.
Trabalhou muito desde menino.
Aos 8 anos já estava na ativa. Foi engraxate, vendedor ambulante, catador de mamona, mecânico e corretor. Quando o pai saiu da roça, em 1967, foi trabalhar na pequena loja agropecuária da família.
Aos 21 anos casou, teve uma filha com Leonilde Garcia.
Aos 26 anos sua vida mudou radicalmente.
Cláudio caiu do cavalo quando trabalhava numa propriedade rural da família e ficou paraplégico.
De acordo com o depoimento da mãe dele, Agostina Garcia, a decisão de se adaptar à nova condição de vida, começou imediatamente após o diagnóstico. “Ele disse que continuaria a vida e a viver feliz e que a partir daquele momento iria se adaptar à falta de movimento das pernas”.
Depois de tantos anos numa cadeira de rodas, o empresário testemunha que tem uma vida normal, conseguindo manter unida a família, sustentar os negócios e a vida.
Recentemente realizou um sonho: voltar a montar, mesmo paraplégico.
A mudança da família Alvarez Garcia para Minas Gerais ocorreu em 1986, quando Cláudio e os pais ficaram fascinados pelo potencial do município de Patrocínio.
Cláudio conta que para fechar a compra da fazenda veio quatorze vezes para Minas Gerais dirigindo um veículo adaptado, percorrendo mil e 200 quilômetros por viagem.
Vieram todos: os pais, irmãos, cunhados e sobrinhos. Trabalham juntos em fazendas de café e gado e empresas ligadas à agricultura. Também plantam milho e soja e movimentam perto de 20 mil sacas de café por ano.
O empresário, hoje com 48 anos, não considera o acidente uma infelicidade. “Se é assim que eu tenho que estar, com certeza é assim que estou feliz, porque ser cadeirante, ser paraplégico mudou meus movimentos, mas não mudou minha forma de ver a vida”, afirma.
Ele considera que todo ser humano tem em si a capacidade dada por Deus de vencer e cita exemplos como do comunicador Silvio Santos, um ex-camelô, e do presidente Lula, que foi torneiro mecânico e retirante do Nordeste.
Seu dia inicia às 5 horas e o expediente só se encerra às 22 horas, após um dia de muito trabalho.
Mulas usadas para equoterapia
Na insistência de continuar montando mesmo paraplégico, Cláudio Garcia acabou sofrendo um segundo acidente quando capotou uma charrete.
Nada sofreu e não desistiu.
Ano passado, enquanto assistia televisão conheceu o trabalho de Josenildo de Souza, conhecido como Nô, adestrador de Brasília que tem um trabalho diferenciado com muares. Marcaram um encontro e Cláudio foi a Brasília conhecer o Rancho das Mulas.
Uma das mulas adestrada por Nô, ideal para este tipo de terapia, foi trazida de Brasília para Patrocínio. E o dia nove de setembro foi especial na Fazenda da família Alvarez Garcia. Da varanda da casa,os pais, irmãos, esposa, toda família viu Cláudio sair da cadeira e montar uma mula depois de 25 anos do acidente. Ajudado por Nô, ele iniciou mais uma etapa da adaptação.
Segundo o adestrador Josenildo da Costa, “os muares, embora a maioria das pessoas entendam diferente,são animais que se tornam dóceis após um doma bem feita, com técnicas adequadas”.
A mula é um animal que precisa ser conquistado, exige mais técnica do domador e automaticamente educa também o ser humano. “O adestramento de muares exige o método da persistência e não da pancada”, afirma.
Josenildo diz que o encontro com Cláudio Garcia inaugurou um novo momento do seu trabalho, com o desafio de usar mulas em terapias para pessoas com necessidades especiais. Ele estima que em seis meses Cláudio estará montando com segurança como fazia antes do acidente, ganhando independência. “É a primeira vez que uso mulas em uma finalidade tão nobre: ajudar na reabilitação de pessoas como o Cláudio. Mas o mérito não é meu, é dele, por causa da sua grande coragem”, ressalta.
Um haras para equoterapia no Triângulo
Patrocínio deverá ser o primeiro município do Brasil a ter um haras com muares para reabilitação de pessoas com deficiência. O projeto está nascendo na Fazenda Chapadão da Boa, a 40 quilômetros de Patrocínio, fruto de uma parceria entre o empresário Cláudio Garcia e o adestrador Josenildo Costa.
A fazenda já mantém quatro mulas adestradas, entre elas, a mula Brasília. Segundo Josenildo, o animal tem características especiais para equoterapia pela sua docilidade e reflexos apurados, possibilitando a interação e bons resultados em pessoas com necessidades especiais. “Pela experiência realizada com Cláudio, que está montando todo final de semana, a mula já vem provando que tem vantagens em relação à terapia com cavalos. Por causa da sua docilidade o animal dá segurança ao homem, ao mesmo tempo em que ajuda a fortalecer a musculação, fragilizada pela falta de movimentos”, garante Nô. Ele explica também que um dos segredos dos muares está no passo da marcha, que não pune tanto o cavaleiro como no galope do cavalo.
A expectativa é implantar o haras com muares em 2009, começando por um projeto de infra-estrutura voltado às pessoas com necessidades especiais. O custo está sendo levantado informa Cláudio Garcia, mas este será, garante, o mais novo empreendimento de sua vida. “Já sabemos por causa da minha experiência que a qualidade de vida de muitas pessoas pode melhorar com esse tipo de tratamento”, conclui.
Fonte: Revelação Online - Uniube
Cláudio vive na cidade de Patrocínio, na região do Triângulo Mineiro.
Filho de uma família humilde, migrantes espanhóis que se estabeleceram no Estado do Paraná.
Trabalhou muito desde menino.
Aos 8 anos já estava na ativa. Foi engraxate, vendedor ambulante, catador de mamona, mecânico e corretor. Quando o pai saiu da roça, em 1967, foi trabalhar na pequena loja agropecuária da família.
Aos 21 anos casou, teve uma filha com Leonilde Garcia.
Aos 26 anos sua vida mudou radicalmente.
Cláudio caiu do cavalo quando trabalhava numa propriedade rural da família e ficou paraplégico.
De acordo com o depoimento da mãe dele, Agostina Garcia, a decisão de se adaptar à nova condição de vida, começou imediatamente após o diagnóstico. “Ele disse que continuaria a vida e a viver feliz e que a partir daquele momento iria se adaptar à falta de movimento das pernas”.
Depois de tantos anos numa cadeira de rodas, o empresário testemunha que tem uma vida normal, conseguindo manter unida a família, sustentar os negócios e a vida.
Recentemente realizou um sonho: voltar a montar, mesmo paraplégico.
A mudança da família Alvarez Garcia para Minas Gerais ocorreu em 1986, quando Cláudio e os pais ficaram fascinados pelo potencial do município de Patrocínio.
Cláudio conta que para fechar a compra da fazenda veio quatorze vezes para Minas Gerais dirigindo um veículo adaptado, percorrendo mil e 200 quilômetros por viagem.
Vieram todos: os pais, irmãos, cunhados e sobrinhos. Trabalham juntos em fazendas de café e gado e empresas ligadas à agricultura. Também plantam milho e soja e movimentam perto de 20 mil sacas de café por ano.
O empresário, hoje com 48 anos, não considera o acidente uma infelicidade. “Se é assim que eu tenho que estar, com certeza é assim que estou feliz, porque ser cadeirante, ser paraplégico mudou meus movimentos, mas não mudou minha forma de ver a vida”, afirma.
Ele considera que todo ser humano tem em si a capacidade dada por Deus de vencer e cita exemplos como do comunicador Silvio Santos, um ex-camelô, e do presidente Lula, que foi torneiro mecânico e retirante do Nordeste.
Seu dia inicia às 5 horas e o expediente só se encerra às 22 horas, após um dia de muito trabalho.
Mulas usadas para equoterapia
Na insistência de continuar montando mesmo paraplégico, Cláudio Garcia acabou sofrendo um segundo acidente quando capotou uma charrete.
Nada sofreu e não desistiu.
Ano passado, enquanto assistia televisão conheceu o trabalho de Josenildo de Souza, conhecido como Nô, adestrador de Brasília que tem um trabalho diferenciado com muares. Marcaram um encontro e Cláudio foi a Brasília conhecer o Rancho das Mulas.
Uma das mulas adestrada por Nô, ideal para este tipo de terapia, foi trazida de Brasília para Patrocínio. E o dia nove de setembro foi especial na Fazenda da família Alvarez Garcia. Da varanda da casa,os pais, irmãos, esposa, toda família viu Cláudio sair da cadeira e montar uma mula depois de 25 anos do acidente. Ajudado por Nô, ele iniciou mais uma etapa da adaptação.
Segundo o adestrador Josenildo da Costa, “os muares, embora a maioria das pessoas entendam diferente,são animais que se tornam dóceis após um doma bem feita, com técnicas adequadas”.
A mula é um animal que precisa ser conquistado, exige mais técnica do domador e automaticamente educa também o ser humano. “O adestramento de muares exige o método da persistência e não da pancada”, afirma.
Josenildo diz que o encontro com Cláudio Garcia inaugurou um novo momento do seu trabalho, com o desafio de usar mulas em terapias para pessoas com necessidades especiais. Ele estima que em seis meses Cláudio estará montando com segurança como fazia antes do acidente, ganhando independência. “É a primeira vez que uso mulas em uma finalidade tão nobre: ajudar na reabilitação de pessoas como o Cláudio. Mas o mérito não é meu, é dele, por causa da sua grande coragem”, ressalta.
Um haras para equoterapia no Triângulo
Patrocínio deverá ser o primeiro município do Brasil a ter um haras com muares para reabilitação de pessoas com deficiência. O projeto está nascendo na Fazenda Chapadão da Boa, a 40 quilômetros de Patrocínio, fruto de uma parceria entre o empresário Cláudio Garcia e o adestrador Josenildo Costa.
A fazenda já mantém quatro mulas adestradas, entre elas, a mula Brasília. Segundo Josenildo, o animal tem características especiais para equoterapia pela sua docilidade e reflexos apurados, possibilitando a interação e bons resultados em pessoas com necessidades especiais. “Pela experiência realizada com Cláudio, que está montando todo final de semana, a mula já vem provando que tem vantagens em relação à terapia com cavalos. Por causa da sua docilidade o animal dá segurança ao homem, ao mesmo tempo em que ajuda a fortalecer a musculação, fragilizada pela falta de movimentos”, garante Nô. Ele explica também que um dos segredos dos muares está no passo da marcha, que não pune tanto o cavaleiro como no galope do cavalo.
A expectativa é implantar o haras com muares em 2009, começando por um projeto de infra-estrutura voltado às pessoas com necessidades especiais. O custo está sendo levantado informa Cláudio Garcia, mas este será, garante, o mais novo empreendimento de sua vida. “Já sabemos por causa da minha experiência que a qualidade de vida de muitas pessoas pode melhorar com esse tipo de tratamento”, conclui.
Fonte: Revelação Online - Uniube