10/03/2012

Ciúme feminino até no terrorismo

Esposa ciumenta teria entregado Bin Laden

Para general paquistanês, americanos chegaram à casa onde terrorista foi morto graças a desavença

O terrorista Osama bin Laden teria sido entregue aos norte-americanos por uma de suas primeiras esposas, que sentia ciúmes de uma rival mais jovem na casa em que viviam, segundo a tese elaborada por um general paquistanês depois de uma longa investigação.

Dez meses mais tarde, a incursão de um comando de elite americano que matou o chefe da al-Qaeda em seu tranquilo refúgio na cidade paquistanesa de Abbottabad continua sendo um mistério que alimenta inúmeras teorias, inclusive a traição por ciúmes. À época, Bin Laden já estaria afastado do comando da rede terrorista e estaria sofrendo com problemas mentais.

Shaukat Qadir, um general de brigada reformado, investigou o episódio durante oito meses. Graças a suas relações com o alto escalão das Forças Armadas, foi autorizado a visitar a casa que Bin Laden ocupou e falar com os agentes que interrogaram as esposas do terrorista, presas depois da operação americana.

Segundo Qadir, Osam bin Laden foi vítima de um complô de sua própria rede terrorista, que utilizou uma de suas esposas para colocar os americanos em seu rastro.

De acordo com o general, Bin Laden começou em 2001 a sofrer com uma deficiência mental. A partir disso, o egípcio Ayman Al Zawahiri, segundo na linha de comando da al-Qaeda passou a organizar um plano para tirá-lo devista. Depois de vários anos de fuga no Noroeste do Paquistão, a rede terrorista decidiu escondê-lo em Abbottabad, onde mandou construir quase uma mansão para abrigá-lo com suas esposas Amal e Seehan e vários de seus filhos.

Bin Laden se estabeleceu na casa em 2005. O grupo incluía Khalid, filho adulto fruto da relação com Seehan e quem, como os guarda-costas paquistaneses de seu pai, tinha esposas e filhos.

No entanto, o panorama mudou em 2011 quando chegou à casa outra esposa de Bin Laden, Jairia, saudita como Seehan e com quem ele havia se casado no final dos anos 1980 e a quem não via desde 2001, época dos ataques às Torres Gêmeas, em Nova York. Refugiada e vigiada de perto em uma casa no Irã até o final de 2010, Jairia passou, segundo o general Qadir, vários meses num campo da al-Qaeda no Afeganistão antes de chegar a Abbottabad em março de 2011, menos de dois meses antes do ataque americano. Para Qadir, não há dúvidas de que foi Jairia quem traiu Bin Laden.

“É o que Amal também acha e disse aos investigadores”, explicou. Ao chegar à casa, Jairia, já conhecida por seus ciúmes doentios, se instalou no primeiro andar e logo levantou suspeitas, em particular por parte de Khalid. Mencionando um depoimento de Amal a seus interrogadores, Qadir relatou que “Khalid não parava de perguntar a Jairia por que havia ido para Abbottabad e o que queria com seu pai”.

“Tenho que fazer uma última coisa por meu marido”, teria respondido ela. Sempre de acordo com o general Qadir, “Khalid, preocupado, levou ao conhecimento de seu pai os temores de uma traição”. Mas Bin Laden, fatalista, teria se limitado a comentar: ‘O que tiver de acontecer acontecerá”.

De acordo com Amal, “Osama bin Laden tentou convencer suas outras duas esposas a deixar a casa e fugir, mas elas quiseram ficar com ele”, contou Qadir.

Para o general, a al-Qaeda e Al-Zawahiri guiaram Jairia para que orientasse os americanos a chegar à casa em Abbottabad. A interceptação, por parte dos americanos, de uma comunicação telefônica de Jairia contribuiu para convencê-los de que Bin Laden efetivamente se encontrava naquela casa. O governo de Washington descartou qualquer complô e assegurou ter chegado até Bin Laden por seus próprios meios. O Exército do Paquistão insiste que ignorava a presença do terrorista em Abbottabad.

Segundo Qadir, o Exército paquistanês também descobriu a presença de Bin Laden, mas já muito tardiamente, no final de abril, e foi surpreendido pelo ataque americano. Em qualquer caso, faltam provas. Sobre a chance de a verdade surgir de fato algum dia, o general sorri: “É como o caso do assassinato de John Kennedy”.

Matéria publicada no JdFA em 10/3/2012.